domingo, 30 de janeiro de 2011


um domingo de manhã


O travesseiro do lado está ocupado. Olho pro lado, vejo e não tem como relembrar tudo que já foi dito, pensado... programado. A outra pessoa está ali, dormindo profundamente depois de um dia cheio entre amigos, diversão, bate papos e bebidas.

Oho de novo, algo me incomodava, meus pensamentos meio que me ordenam: saia! Relutei, sentei na cama, respirei fundo, e levantei. Não existe coisa mais forte dentro de nós que nossa própria consciência. A minha , então, fala tão alto que parece alguém que está em um centro de convenções com um microfone na potência máxima para que todas as centenas de ouvintes, não percam se quer uma palavra.

Mas minha consciência não me acusava, me relembrava, na verdade, dos momentos de doação, de palavras ditas, trocadas e tentava fazer com que eu montasse um quebra cabeça de um emaranhado de peças que não se juntavam, pelo menos, nao com as que eu possuía em mãos.
Tomei um banho, fui à cozinha, liguei a tv e, novamente a ordem “saia” apareceu, mas veio numa intensidade que por alguns instantes consegui domá-la. Nesse momento, silêncio total, olho pra janela, o sol parecia que já ultrapassava meio dia, mas eram apenas nove da manhã. Nove da manhã?! Na noite anterior tinha ido dormir às cinco!!! Preocupei-me. Era um dia de domingo, o apartamento estava silencioso, não tinha barulhos vindos da vizinhança e mesmo assim, nao conseguia mais voltar pra cama, mesmo sabendo que a pessoa que eu gostava intensamente, que me fazia suar de tesão na cama, que sorria pra mim e assim transformava o dia em algo ainda mais intenso, estava lá dormindo, com um semblante de que estava sonhando com algo bom.
Estou na sala, mas escuto alguém saindo do quarto e chega até a mim, me dá um beijo e um bom dia. Eu, sentado, seguro em seu rosto, dou dois beijos e digo bom dia com um sorriso e aviso que estou escrevendo. Então vem a pergunta:

- O que está escrevendo?
- respondo: ah....algo....ah, nada, besteira!

Por um momento achei que devia falar, mas não, me contive. Aliás, tudo que ainda gostaria de falar não falei. Seria por medo? Falta de oportunidade? Ou simplesmente, por perceber que não cabia àquela hora encher a outra pessoa com minhas dúvidas e inquietudes? Em suma, as três. Uma outra hora, quem sabe...

Quando a gente se propõe a conhecer outra pessoa, vai ao mesmo tempo colocando em prática alguns dos atributos que nos acompanham durante a vida, me refiro aqui aos bons, e aos os ruins, também. Paciência e insegurança, no meu caso. O primeiro chega a ser um bálsamo, já o segundo, um tormento. Uma dualidade de tirar o fôlego, algumas vezes. Mas é a vida! Viver é sentir, deixar pulsar, é aprender, deixar-se sucumbir a uma paixão mesmo que seus pensamentos te avisem, ou melhor te obriguem a acreditar que você poderá se machucar. Viver é dar tempo ao outro também a entender o que está sentindo.

Bem, vou preparar um café...