domingo, 29 de novembro de 2009


Fugindo dos enlatados




Até esses ultimos dias de novembro tem chegado muitas novidades no que diz respeito à musica. Tivemos os novos cds de Shakira, Lady GaGa, Madonna, Nelly Furtado, Rihanna, Joss Stone, Leona Lewis, entre outros. Mas estão todos num mesmo saco. Todos muito pops que chegam a cansar. A saída? Ouvir dois lançamentos que fogem da regra acima: John Mayer e Norah Jones.

John Mayer não mexeu em nada dos seus ultimos trabalhos para o novo Battle Studies. É cheio de baladas com letras que falam sobre a vida, amor e amigos ao som firme de uma guitarra. Mas com o tempo percebe-se que seu trabalho hoje está mais maduro, consistente e quando se ouve nos traz novas sensações aparecem facil, mesmo percebendo q nada de novo em seu trabalho foi mudado.

Mas algo que está me chamando mais a atenção é o novo trabalho de Norah Jones, The Fall. Ao mesmo tempo que escrevo este post apertei o play e estou praticamente na velocidade do cd. Norah, ao contrário de John, trouxe mudanças, mas nao o suficiente para se dizer que é uma mudança por completo. Essas mudanças são muito sutis mas perceptíveis para quem acompanha a jovem desde Come Way with me, seu primeiro cd e aclamado cd.

Pianista, Norah agora explora menos tal atributo, se utiliza mais de sons das cordas da guitarra o que faz deixar em segundo plano seu sangue jazzistico, mas muito presente na excelente It`s gonna Be e em Man of the hour em que declara amor ao cachorro como o único que não a decepcionará, nao por menos, ele está na capa do cd. O cd volta-se mais ao folk com pitadas homeopáticas de country e Blues como em Tell yer Mama. E como em todos os seus trabalhos traz uma certa melancolia, tranquilidade mas sempre presente o toque vigoroso e sensual que sua voz possui, como na linda December: “I will carry you, take me from the loneliest, place I have known”. Com um refrão desses não preciso dizer mais nada.

Agora pense em um dia que você esteja louco para fugir do pop, do rock ou de qualquer outro som. The Fall traz isso, uma excelente alternativa para acalmar, permite uma desaceleração e um ótima oportunidade para relaxar enquanto tudo ao seu redor possa estar numa velocidade incrivelmente rápida. Com este cd pode-se simplesmente esquecer de tudo e todos e ter um tempo só e de forma deliciosa.



domingo, 8 de novembro de 2009


Doutor, a laranja é azul!





Uma curta e rápida passagem pelo Rio de Janeiro é suficiente não só para ir à praia como tabém dar uma checada em algumas das centenas de peças de teatro que a cidade oferece. Neste ultimo final de semana estive no Centro Cultural Banco do Brasil na companhia de amigos para assistir a peça Laranja Azul do dramaturgo inglês Joe Penhal, adaptado por Marcelo Veloso.

Laranja Azul conta o drama entre um negro esquizofrênico e dois psiquiatras em um hospital psiquiátrico londrino, apontando questões como a divergência sobre diagnósticos, problemas políticos relacionados à saúde pública, racismo e jogos de poder.

Para assistir toda essa história antes de entrarmos na sala somos abordados pela equipe de produçao nos oferecendo jalecos brancos e, devidamente trajados nos deparamos com sala branca cercada de cadeiras e no meio uma espécie de laboratório montado (foto). A sensaçao que se tem é a de que iremos assistir uma aula e a de que estaremos julgando as razões das personagens que se esmeram em excelentes atuações. Ficamos no meio de uma disputa de vontades e de verdades. É aquela velha história de quem está com a razão.

Como se vê não é uma peça para rir, mas pelo fato de se tocar em questões tão delicadas que acompanham a humanidade, Laranja Azul oferece um texto bem trabalhado, intenso e cheio de verdades e nao nos deixa sair da sala com aquele peso de história complicada.

No elenco Rogério Fróes (O Bem Amado, Poder Paralelo) faz o médico experiente no alto de sua onipotência, Pedro Brício (Beleza Pura, Pé na Jaca) o estudante de medicina insatisfeito e Rocco Pittanga (Da cor do Pecado, Os Mutantes/Caminhos do Coraçao) o jovem esquizofrênico em que teima dizer que a laranja é azul. São eles que nos deixam com uma agitação por dentro porque conduzem com maestria todos os sentimentos de fúria, arrependimento, decepção, desprezo, ambição e paternalismo que permeiam a peça.

É uma peça curta, mas também com um tema como esses, fica mais acessível nao ultrapassar sessenta minutos. É uma boa chance de mergulhar em algo novo, com propósito, excelente produçao e atuacões.

Por falar em produção nao poderia de deixar de registrar meus agradecimentos ao produtor executivo Roberto Jerônimo que desde sempre nos oferece a melhor recepção carioca e, claro, pelos convites supermegaultravips para ver Laraja Azul.

Ah, a peça fica em cartaz até dia 3 de janeiro de 2010 no CCBB. E mais outro detalhe: não peça informações, caso esteja perdido, a vigilantes que circundam o local, eles não são nada amigáveis com os turistas.