quinta-feira, 17 de março de 2011


Quando o verão termina


“Terremoto e Tsunami devastam o Japão!”

Vi a mensagem saltando na tela do meu celular pelo twitter. Eu ainda estava no aeroporto aguardando o vôo de volta pra casa depois de ter ficado oito dias no Rio de Janeiro para o Carnaval.

Li estarrecido a notícia, mas logo em seguida me vieram flashes dos dias que passei na companhia com amigos , baladas, praia e azaração. A verdade é que já faltavam poucos dias para o fim do verão e nesta hora vem sempre um onda saudosista invadindo a cabeça. Era pelo carnaval que tinha acabado, e também por todos os preparativos de malhação redobrada, expectativa de dias ensolarados (que não aconteceu no Rio como previsto), amigos que seriam reencontrados....

liguei o notebook e comecei a rever as fotos...

-Que verão! pensei logo.

Não sei se é porque também sempre transformo essa estação do ano como a mais desejada, mas, posso garantir que o meu foi bem intenso, com direito até a encontros e desencontros amorosos no início! Não dá pra esquecer que o verão também me trouxe novos amigos e os amigos não tão novos se fizeram “novo”, porque o que importa, de certa forma, é que a amizade foi sendo cada vez mais estreitada, amadurecida e, assim, mais forte.

Tiro por alguns minutos o olho da tela do computador, e vejo que o portão de embarque ainda estava fechado. Mais um atraso de vôo, que maravilha! Nesse momento de parada obrigatória é que começo a refletir sobre tudo, sobre as coisas, sobre as minhas relações com outras pessoas e, porque não, a relação das outras comigo. Coisas de quem já alcançou os trinta, deve ser isso!

Coloco os fones de ouvido, aperto play e começa a tocar Adele. Até que veio a vontade de trocar a música... melhor não. É a voz perfeita pra ouvir e lembrar que os dias de verão foram ainda incríveis, mesmo com a falta de dias ensolarados, com o coração que ficou dolorido, com a notícia de que o pai de um amigo sofreu um acidente de carro, com o descontentamento de que um amigo escolheu ir para outro roteiro de viagem diferente do seu e, até mesmo, o outro que adoeceu durante a viagem.

A verdade é que todo mundo quer a mesma coisa, o que varia é a intensidade, mas para deixar mais intenso é só deixar-se permitir. Todo mundo quer o verão lhe traga um saldo cheio de novidades pra contar, poder ter feito algo que nunca se permitiu fazer numa balada, ver o nascer do sol por ter emendado festas, ter ido pra afters , pool parties, ter dormido pouco, e ainda assim, ter ficado superfeliz mesmo com o dores nos pés, coluna ou sei lá onde, por ter passado horas dançando.

O meu verão foi isso, me permiti na minha medida. Vivi, experimentei, testei meus limites, fiz escolhas e aqui estou para contar. Sei que não sou o único, e tampouco quero fazer dele algo que foi fora do comum, mirabolante. Mas posso garantir, que como qualquer outra pessoa que se permitiu foi um momento EXTRAORDINÁRIO!

Ops, o portão de embarque abriu! Hora de voltar para casa.

Que venha a nova estação.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011


Uma crônica sobre envolvimento afetivo


Mauricio voltou pra casa na certeza de que tinha feito a coisa certa, apesar da demora em reconhecer que já tinha ultrapassado o limite de seu amor próprio.

Eram três da manha quando Mauricio sentou no sofá de sua casa e viu o flashback dos últimos quarenta dias em que tinha se envolvido com Wesley.

Maurício e Wesley se conheceram em um shopping de Brasilia, após meses de contato por meio do facebook. Wesley, 24 anos, tinha avisado que iria visitar a cidade de Maurício, 30, e que gostaria de conhecê-lo. Ao se encontrarem na companhia de amigos, ambos se mostraram interessados, não se importando, inclusive de demonstrar carinho, mesmo que contido, em público. Após a tarde juntos, marcaram de irem a uma balada. Desse dia em diante, os dois mantiveram um contato mais próximo, e trocaram confidências: Mauricio disse que gostaria de conhecê-lo mais e estava disposto a isso. Wesley por sua vez, também se mostrou interessado, apesar de ter dito que tinha conhecido e gostado de alguém meses atrás, em visita anterior à que fazia à cidade, de nome Luciano, mas que no momento estaria aberto a novas possibilidades.

Os dias passaram, Wesley viajou para a casa dos pais, mas seu contato com Mauricio permanecia. Combinaram de, duas semanas depois do primeiro contato, passarem o final de semana em Goiania. Mauricio reservou hotel, e os dois dias que passaram juntos aumentou o vínculo entre eles. Com o término do final de semana, Mauricio e Wesley começaram a fazer novos planos de ficarem juntos novamente, de novas viagens como a do Carnaval em que iriam para o Rio de Janeiro, e que Maurício assumiria despesas como a de um bilhete de passagem e reserva do hotel. Wesley, percebendo o interesse já demonstrado por Mauricio, propôs de mudar seu bilhete de passsagem e ficar mais tempo com ele em Brasilia, já Mauricio, se dispôs a pedir férias do trabalho para, enfim, passarem mais tempo juntos. Tudo acertado, tudo combinado. Wesley remarcou a viagem, Mauricio, tirou férias e se acomodaram em uma apartamento de amigos de Maurício. Os dois até então, pareciam empolgados, interessados, carinhosos um com o outro.

Com Wesley já de volta à Brasilia, Mauricio foi avisado por ele que precisava reencontrar, Luciano e que tinham marcado de irem assistir um filme. Mais que normal a situação, Mauricio consentiu avisando que ficaria em casa o aguardando. Com o decorrer das horas, Wesley envia um sms informando que dormiria na casa de outro amigo, de nome Silvio. Pela manhã Wesley retorna e explica que acabou não indo ao cinema, e reencontrou amigos em um bar distante de onde estava hospedado, por isso a decisão de ter dormido por lá. Mauricio, achou perfeitamente normal e não teve duvidas que Wesley estava levando tudo de forma muito sincera.

Neste mesmo dia, no inicio da noite, Mauricio descobre que a historia não tinha acontecido exatamente como explicado por Wesley. Enquanto Wesley tomava banho, deixou o notebook de Mauricio aberto na sua pagina do facebook. Esse por sua vez, ao usar o computador percebeu uma janela de bate papo aberta em que Wesley e Luciano conversavam. Mauricio ao abrir, ficou sem fôlego, não conseguia raciocinar, pensar ou até mesmo respirar direito. Seus olhos viam algo aterrorizante para um coração que já estava disposto há dias em assumir tudo como namoro, apesar de Wesley já ter declarado que ainda era cedo para tanto e que precisavam se conhecer mais.

O que Mauricio lia, era:

Luciano: Ta tudo bem comv c? não se complicou por ter dormido aqui ontem?
Wesley: nao! ta tudo bem
Luciano: que bom! adorei sua cia
wesley: nao me importaria se tivesse complicado, como eu disse eu e ele nao temos nada ainda. Estamos ficando nos conhecendo
Luciano: viu minha foto na cachu?
Wesley: já estou me dando oportunidades de saber se realmente quero ficar com alguem e definir quem será essa pessoa.
Wesley: não. so a inicial, não abriu
Luciano: link
wesley: tá indisponivel
Luciano: é pq ta no fb da minha amiga. Vou pegar meu album
wesley: hum..(mandou um link d foto do luciano) to vendo essa
Wesley: deu vontade de pegar no corpinho
Luciano: hahahah (manda outro link)
Luciano: as primeiras são de 2009. Depois tem fotos de 2010 e por ultimo as de ontem.
Wesley: sim
Wesley: acabei de ver, muito bonito o lugar. quedas diferentes do mesmo rio
Wesley: hum delicia
Luciano: é aqui perto,d emora 1hr pra chegar
Wesley: pertinho mesmo. Neste sol é uma delicia, né?
Luciano: foi perfeito
Wesley: tava lembrando do gosto da comida ontem! tava demais!
Luciano: num é? tava mesmo? Delicia aquela combinação. E a salgada estava melhor que a doce.
Wesley: as duas estavam otimas
Wesley: quero agradecer pela noite maravilhosa. Realmente eu estava com saudades de vc
Luciano: imagina, sou eu que tenho que agradecer.
Wesley: sua companhia sempre me faz sentir nas nuvens
Luciano: nem deve ter sido tão prazerrozo pra vc. quem gozou fui eu
Wesley: vc nao sabe o tanto, ontem nao precisava. Só de conversar com vc sozinho e tocar no seu corpo ja foi otimo.
Luciano: lindinho
Luciano: se vc quiser, podemos sair outras vezes
Wesley: quero
Luciano: fechado
Wesley: blza
Luciano: :-)

Ver tudo escancarado ali em palavras tinha deixado Mauricio sem palavras, sem ação. Ele decidiu fechar o computador e ir para a cozinha pra fazer algo, e continuava sem saber que atitude tomar, se deveria expor o acontecido ou esperar, já que eles não tinham assumido compromissos de namoro ou algo mais sério. Mauricio se conteve, de forma inacreditável, sem falar que ainda conseguiu dormir e fazer sexo com Wesley.

Dois dias depois Mauricio resolve chamar Wesley pra conversar e expõe todo o sentimento de insegurança que ele estava sentindo, além do real sentimento que ele ja sentia por Wesley, contudo, resolve não comentar sobre a conversa vista entre ele e Luciano. Wesley, ouviu tudo, se manteve quieto e explicou que tudo dependeria do tempo, do momento e que não podiam, os dois, exigir algo tão imediato.

Com o passar dos dias, Wesley continuava a manter contato com Luciano até o ponto de reconhecer a Mauricio, após nova conversa entre os dois, de que Luciano era uma pessoa que ele gostava, mas que estava dividido entre os dois. Mauricio e Wesley conversaram por horas, o primeiro sempre mostrando a intensidade de seu interesse ao segundo. Este, por sua vez, percebeu também que precisava conversar com Luciano e deixar claro tudo o que se passava em seu coração no sentido de esclarecer a si próprio e tomar uma decisão quando retornasse a sua cidade de origem, Curitiba.

Wesley foi ao encontro de Luciano e passou a noite fora, com a mesma desculpa de que iria dormir na casa do amigo Silvio. Para Mauricio, isso já estava claro que mais uma vez Wesley mentiria, embora desta vez não tivesse provas suficientes para confirmar. Já que seu amigo Silvio garantia a certeza de q Wesley dormira realmente lá.

Faltando apenas um dia para sua partida definitiva de Brasilia, Wesley e Mauricio passaram o dia juntos, fazendo compras, conversando e realizando alguns pedidos de Wesley, o de fazer uma depilação a cera, em que Mauricio se dispôs plenamente a pagar, coisa que acabou indo mostrar a Luciano na mesma noite.

No final do dia, Wesley, avisa a Mauricio que iria ter q reencontrar Luciano para jantar e se despedir e que não demoraria, voltaria pra ficar junto de Mauricio. Mas isso não aconteceu, Mauricio, logo que percebeu às duas da manhã que ele possivelmente não voltaria, assim, passou a retirar suas coisas do apartamento, recolher todos os presentes dados, e ainda, desfazer as malas prontas que Wesley tanto tinha se esmerando para fazer.

Mauricio, de certa forma ultrapassou todos os limites de amor próprio diante de todos os acontecimentos. Mas saiu com a consciência leve por saber que nunca em momento algum tinha deixado de ser ele mesmo, inventado historias, enganado, ludibriado alguém. Mauricio deixa o apartamento do amigo com uma leveza na alma sabendo que finalmente tinha agido.

As oito da manha, o celular de Mauricio recebe uma mensagem de Wesley: “que bom que você pegou todas as suas coisas, mas esqueceu de deixar meus óculos”.

Mauricio desde então está bem e reconhecendo que precisa mesmo não ultrapassar o limite de amor próprio e, assim, dar mais atenção a si mesmo.



domingo, 30 de janeiro de 2011


um domingo de manhã


O travesseiro do lado está ocupado. Olho pro lado, vejo e não tem como relembrar tudo que já foi dito, pensado... programado. A outra pessoa está ali, dormindo profundamente depois de um dia cheio entre amigos, diversão, bate papos e bebidas.

Oho de novo, algo me incomodava, meus pensamentos meio que me ordenam: saia! Relutei, sentei na cama, respirei fundo, e levantei. Não existe coisa mais forte dentro de nós que nossa própria consciência. A minha , então, fala tão alto que parece alguém que está em um centro de convenções com um microfone na potência máxima para que todas as centenas de ouvintes, não percam se quer uma palavra.

Mas minha consciência não me acusava, me relembrava, na verdade, dos momentos de doação, de palavras ditas, trocadas e tentava fazer com que eu montasse um quebra cabeça de um emaranhado de peças que não se juntavam, pelo menos, nao com as que eu possuía em mãos.
Tomei um banho, fui à cozinha, liguei a tv e, novamente a ordem “saia” apareceu, mas veio numa intensidade que por alguns instantes consegui domá-la. Nesse momento, silêncio total, olho pra janela, o sol parecia que já ultrapassava meio dia, mas eram apenas nove da manhã. Nove da manhã?! Na noite anterior tinha ido dormir às cinco!!! Preocupei-me. Era um dia de domingo, o apartamento estava silencioso, não tinha barulhos vindos da vizinhança e mesmo assim, nao conseguia mais voltar pra cama, mesmo sabendo que a pessoa que eu gostava intensamente, que me fazia suar de tesão na cama, que sorria pra mim e assim transformava o dia em algo ainda mais intenso, estava lá dormindo, com um semblante de que estava sonhando com algo bom.
Estou na sala, mas escuto alguém saindo do quarto e chega até a mim, me dá um beijo e um bom dia. Eu, sentado, seguro em seu rosto, dou dois beijos e digo bom dia com um sorriso e aviso que estou escrevendo. Então vem a pergunta:

- O que está escrevendo?
- respondo: ah....algo....ah, nada, besteira!

Por um momento achei que devia falar, mas não, me contive. Aliás, tudo que ainda gostaria de falar não falei. Seria por medo? Falta de oportunidade? Ou simplesmente, por perceber que não cabia àquela hora encher a outra pessoa com minhas dúvidas e inquietudes? Em suma, as três. Uma outra hora, quem sabe...

Quando a gente se propõe a conhecer outra pessoa, vai ao mesmo tempo colocando em prática alguns dos atributos que nos acompanham durante a vida, me refiro aqui aos bons, e aos os ruins, também. Paciência e insegurança, no meu caso. O primeiro chega a ser um bálsamo, já o segundo, um tormento. Uma dualidade de tirar o fôlego, algumas vezes. Mas é a vida! Viver é sentir, deixar pulsar, é aprender, deixar-se sucumbir a uma paixão mesmo que seus pensamentos te avisem, ou melhor te obriguem a acreditar que você poderá se machucar. Viver é dar tempo ao outro também a entender o que está sentindo.

Bem, vou preparar um café...


segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Time will tell




Ter amigos é algo que nos faz bem, ou costuma ser, o difícil é quando algumas amizades vem carregada de minas explosivas. Sabe quando seu amigo lhe conhece tão bem, mas tão bem que na primeira oportunidade utiliza esse beneficio como arma de ataque? Não deveria ser o oposto disso, do tipo, utilizar essas mesmas oportunidades e desarmar qualquer ameaça de ataque explosivo?


A gente se constrói por meio dos relacionamentos que criamos, momentos que compartilhamos e assim nossa história de vida vai sendo registrada. Compartilhar momentos únicos com amigos que escolhemos e que acreditamos ter afinidades de longe é algo que nos deixa com o coração alegre, leve. Pelo menos sinto isso dos amigos que tenho a sorte de tê-los do lado. Mas a verdade é que nem toda amizade, tem essa sorte. Seria então uma amizade imbuída de rancor, inveja e falsidade? Acho ainda que existe uma outra possibilidade. Acredito que além de vir com essas energias contrárias do que é bom e agradável, esse relacionamento passa a ser algo de interesses medíocres, pelo simples fato de que a pessoa que lhe ataca está ao seu lado por você ser diferente das demais e aquilo a irrita tanto que não consegue conter sua insatisfação e que logo é mostrado na primeira chance, já que possui uma arma que deixaria a outra pessoa sem chance de revidar.


Aí vira uma verdadeira guerra. Toda aquela historia de que se tinha do seu “amigo” passa a ser desconstruída porque nada garantirá que isso não ocorrerá em outras oportunidades. E desconstruir uma idéia cheia de certezas não é nada fácil e só o tempo para ir ajudando. A partir daí, impor limites, compartilhar menos histórias sobre você mesmo ou até começar a recusar a companhia para uma simples ida ao cinema, já pode ser um grande indício de que a amizade se perdeu, ou porque não dizer, se acabou. E terminar um relacionamento de amizade é tão ou mais difícil que um amoroso. Já tive que encarar isso, mas não conseguia entender como podia ser possível até viver esse imbróglio.


Mas a gente vai aprendendo. Recentemente ouvi de um amigo psicólogo que o que a gente tem de melhor deve ser guardado e, aos poucos deve-se ir liberando à alguém que julgamos dignos de ouvir e nos fazer crescer com nossas fraquezas e não simplesmente ir jorrando tudo na primeira oportunidade em que percebemos alguém interessado em nos ouvir. O que temos de precioso é único, é nosso, porque então desperdiçar em terrenos movediços? Acho q isso esse conselho serve também para os relacionamentos amorosos, não estaria certo?


Na mesma medida que hoje parei para refletir sobre o assunto, estou também reestabelecendo contato com o “amigo” que acabei perdendo, mas que de certa forma, acredito que nada possa ser tão definitivo que não possa ser reavaliado. Se seremos grandes amigos, bem, só o tempo vai dizer. Time will tell.




domingo, 11 de julho de 2010



Quando o que mais importa é...


Acordei com alguém chegando no quarto, o frio tinha diminuído mas, acredito eu, já se passavam das dez da manhã. Depois de tanto andar em Buenos Aires no dia anterior, cheguei no albergue muito cansado e foi inevitavel cair na cama e apagar por completo.

Viajando sozinho numa cidade em que em julho o clima propicia mais ainda o desejo de estar curtindo a dois, isso era o de menos para quem como eu estava decidido em curtir a viagem, e conhecer a cultura portenha.

O roomate alemão pediu desculpas por ter feito barulho e aproveitei para perguntá-lo da horas. De fato, eram quase onze da manhã e levantei na pressa de alguém que ja tinha perdido quase a metade da manhã em um ambiente que só inspirava novidades pra mim.

Eu não tinha roteiro algum, tinha chegado na cidade sem ao menos ter realizado reserva em algum albergue. Tinha um mapa na mão e muito entusiasmo. Suficiente, não? De fato, era! Antes de sair pelas ruas com o vento frio de nove graus, tinha que mandar noticias para a familia, responder os emails e saber noticias dos amigos que tanto estavam desejando meu sucesso nessa empreitada.

E ao entrar no msn...

- Maurooooooo? Como ta a viagem?

- Otima! Ainda muito a conhecer, a percorrer...

- E a pegar, ne?

- Hhehehe, só se for nos monumentos históricos!

- Como assim!!? Nao vai pra balada, saunas...?

- Como assim, pergunto eu!

- Solteiro, sozinho aí, livre leve e solto e nao vai aprontar? Isso não existe!

Bastou esse pequeno diálogo no meu msn com um amigo para tocar em um assunto que se é levado como obrigatorio. Posso estar enganado mas muitos veem o simples fato de ter ido viajar sozinho uma oportunidade para aprontar, curtir como nunca antes, meio que ir à esbornia! Bom lembrar que não é exclusividade apenas deste tipo de situaçao mas, a todo momento, seja numa festa, num show ou qualquer outro evento que nos tire um pouco de nosso estado cotidiano, a primeira pergunta é quase sempre direcionada a atitudes deque “você tem que aprontar!”

Seria tão dificil entender pra muitos que a prioridade pode ser o simples fato curtir uma cidade, o ambiente e ter tempo para si mesmo?

Cada um tem seu tempo, suas descobertas e porque nao dizer, suas prioridades. Pode ter sido um absurdo para meu amigo saber que eu tinha todo um ambiente propício para me esbaldar em diversoes mais picantes, mas eu estava realizando algo completamente distante da idéia que se vende por aí de que curtir sem aprontar não é curtir.

Bem, eu continuei a curtir muito minha viagem, sozinho, acompanhado da mochila, roteiro, mapas e maquina fotográfica. Dias depois segui para o Chile e sempre com a sensação de que tive a possibilidade de antes de tudo, estar bem comigo mesmo.