segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Time will tell




Ter amigos é algo que nos faz bem, ou costuma ser, o difícil é quando algumas amizades vem carregada de minas explosivas. Sabe quando seu amigo lhe conhece tão bem, mas tão bem que na primeira oportunidade utiliza esse beneficio como arma de ataque? Não deveria ser o oposto disso, do tipo, utilizar essas mesmas oportunidades e desarmar qualquer ameaça de ataque explosivo?


A gente se constrói por meio dos relacionamentos que criamos, momentos que compartilhamos e assim nossa história de vida vai sendo registrada. Compartilhar momentos únicos com amigos que escolhemos e que acreditamos ter afinidades de longe é algo que nos deixa com o coração alegre, leve. Pelo menos sinto isso dos amigos que tenho a sorte de tê-los do lado. Mas a verdade é que nem toda amizade, tem essa sorte. Seria então uma amizade imbuída de rancor, inveja e falsidade? Acho ainda que existe uma outra possibilidade. Acredito que além de vir com essas energias contrárias do que é bom e agradável, esse relacionamento passa a ser algo de interesses medíocres, pelo simples fato de que a pessoa que lhe ataca está ao seu lado por você ser diferente das demais e aquilo a irrita tanto que não consegue conter sua insatisfação e que logo é mostrado na primeira chance, já que possui uma arma que deixaria a outra pessoa sem chance de revidar.


Aí vira uma verdadeira guerra. Toda aquela historia de que se tinha do seu “amigo” passa a ser desconstruída porque nada garantirá que isso não ocorrerá em outras oportunidades. E desconstruir uma idéia cheia de certezas não é nada fácil e só o tempo para ir ajudando. A partir daí, impor limites, compartilhar menos histórias sobre você mesmo ou até começar a recusar a companhia para uma simples ida ao cinema, já pode ser um grande indício de que a amizade se perdeu, ou porque não dizer, se acabou. E terminar um relacionamento de amizade é tão ou mais difícil que um amoroso. Já tive que encarar isso, mas não conseguia entender como podia ser possível até viver esse imbróglio.


Mas a gente vai aprendendo. Recentemente ouvi de um amigo psicólogo que o que a gente tem de melhor deve ser guardado e, aos poucos deve-se ir liberando à alguém que julgamos dignos de ouvir e nos fazer crescer com nossas fraquezas e não simplesmente ir jorrando tudo na primeira oportunidade em que percebemos alguém interessado em nos ouvir. O que temos de precioso é único, é nosso, porque então desperdiçar em terrenos movediços? Acho q isso esse conselho serve também para os relacionamentos amorosos, não estaria certo?


Na mesma medida que hoje parei para refletir sobre o assunto, estou também reestabelecendo contato com o “amigo” que acabei perdendo, mas que de certa forma, acredito que nada possa ser tão definitivo que não possa ser reavaliado. Se seremos grandes amigos, bem, só o tempo vai dizer. Time will tell.




domingo, 11 de julho de 2010



Quando o que mais importa é...


Acordei com alguém chegando no quarto, o frio tinha diminuído mas, acredito eu, já se passavam das dez da manhã. Depois de tanto andar em Buenos Aires no dia anterior, cheguei no albergue muito cansado e foi inevitavel cair na cama e apagar por completo.

Viajando sozinho numa cidade em que em julho o clima propicia mais ainda o desejo de estar curtindo a dois, isso era o de menos para quem como eu estava decidido em curtir a viagem, e conhecer a cultura portenha.

O roomate alemão pediu desculpas por ter feito barulho e aproveitei para perguntá-lo da horas. De fato, eram quase onze da manhã e levantei na pressa de alguém que ja tinha perdido quase a metade da manhã em um ambiente que só inspirava novidades pra mim.

Eu não tinha roteiro algum, tinha chegado na cidade sem ao menos ter realizado reserva em algum albergue. Tinha um mapa na mão e muito entusiasmo. Suficiente, não? De fato, era! Antes de sair pelas ruas com o vento frio de nove graus, tinha que mandar noticias para a familia, responder os emails e saber noticias dos amigos que tanto estavam desejando meu sucesso nessa empreitada.

E ao entrar no msn...

- Maurooooooo? Como ta a viagem?

- Otima! Ainda muito a conhecer, a percorrer...

- E a pegar, ne?

- Hhehehe, só se for nos monumentos históricos!

- Como assim!!? Nao vai pra balada, saunas...?

- Como assim, pergunto eu!

- Solteiro, sozinho aí, livre leve e solto e nao vai aprontar? Isso não existe!

Bastou esse pequeno diálogo no meu msn com um amigo para tocar em um assunto que se é levado como obrigatorio. Posso estar enganado mas muitos veem o simples fato de ter ido viajar sozinho uma oportunidade para aprontar, curtir como nunca antes, meio que ir à esbornia! Bom lembrar que não é exclusividade apenas deste tipo de situaçao mas, a todo momento, seja numa festa, num show ou qualquer outro evento que nos tire um pouco de nosso estado cotidiano, a primeira pergunta é quase sempre direcionada a atitudes deque “você tem que aprontar!”

Seria tão dificil entender pra muitos que a prioridade pode ser o simples fato curtir uma cidade, o ambiente e ter tempo para si mesmo?

Cada um tem seu tempo, suas descobertas e porque nao dizer, suas prioridades. Pode ter sido um absurdo para meu amigo saber que eu tinha todo um ambiente propício para me esbaldar em diversoes mais picantes, mas eu estava realizando algo completamente distante da idéia que se vende por aí de que curtir sem aprontar não é curtir.

Bem, eu continuei a curtir muito minha viagem, sozinho, acompanhado da mochila, roteiro, mapas e maquina fotográfica. Dias depois segui para o Chile e sempre com a sensação de que tive a possibilidade de antes de tudo, estar bem comigo mesmo.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


It’s all about passion!



Conheci Julia num churrasco de colegas de trabalho. Uma gaucha de pele clara e cabelos ruivos, chamava a atenção por sua desenvoltura e sorriso solto. Na roda de desconhecidos ela fazia comentários sobre os projetos que tinha para ano que se iniciava. Falava de levar mais a sério os estudos, passar num concurso público, viajar mais para o litoral, pular de para quedas, fazer uma viagem a uma cidade de um país sul americano, conhecer o amor da vida dela, mudar de emprego, comer menos açúcar, entrar numa academia porque já estava se achando gorda, fazer novas amizades, ser menos estressada, trocar de carro...e por aí vai. Aliás, isso é o que eu estou lembrando agora! A verdade é que o que Julia estava fazendo é o que deveríamos fazer a todo instante, nos encher de idéias e criar projetos de algo desejado intensamente, porque só assim encontramos força suficiente para realizá-los.


Além de ficar impressionado com Julia, voltei para mim mesmo as questões que ela com grande entusiasmo refletia. Comecei a me perguntar o real fator que iria me ajudar a ser lançado na trilha de realização dos meus projetos. Mas como não se perder no meio do caminho, mesmo já possuindo uma lista intensa como essa de Julia? Neste caso, seria como começar a ler um livro e no decorrer dos dias deixá-lo ali fechado do lado da cabeceira da cama. Você o vê todos os dias, até às vezes o abre antes de dormir, folheia, tenta encontrar onde tinha parado a leitura, mas se sente cansado e o devolve ao mesmo ponto que deixara anteriormente. Eu já fiz isso demais, confesso! Mas de onde vem o entusiasmo, a empolgação de tornar o não concreto em real? Qual o combustível que teríamos que usar para turbinar a lista de desejos e fazê-los saltar para a realidade?


Não cheguei a perguntar para Julia de onde ela tinha tirado tamanho entusiasmo, mas percebi que ela era uma mulher de atitude, se mostrava disponível para lutar por seus sonhos. Saí do churrasco um pouco alto pela cerveja (e de carona, que fique claro!) mas ainda com aquele incomodo de que precisava antes mesmo de colocar no papel a lista de objetivos a ser alcançados, eu tinha que encontrar a paixão que tornaria tudo possível.

Foi a partir daí que percebi que nos últimos dias consegui realizar até mesmo coisas que não tinha listado porque além de tê-las desejado intensamente, vieram como conseqüência de uma atitude positiva diante dos demais projetos.


Então, cá estou escrevendo feliz, passando por um momento intenso e muito aberto à mudanças. Se é isto que faz diferença? Bem, resta ainda alguma dúvida?!