domingo, 11 de julho de 2010



Quando o que mais importa é...


Acordei com alguém chegando no quarto, o frio tinha diminuído mas, acredito eu, já se passavam das dez da manhã. Depois de tanto andar em Buenos Aires no dia anterior, cheguei no albergue muito cansado e foi inevitavel cair na cama e apagar por completo.

Viajando sozinho numa cidade em que em julho o clima propicia mais ainda o desejo de estar curtindo a dois, isso era o de menos para quem como eu estava decidido em curtir a viagem, e conhecer a cultura portenha.

O roomate alemão pediu desculpas por ter feito barulho e aproveitei para perguntá-lo da horas. De fato, eram quase onze da manhã e levantei na pressa de alguém que ja tinha perdido quase a metade da manhã em um ambiente que só inspirava novidades pra mim.

Eu não tinha roteiro algum, tinha chegado na cidade sem ao menos ter realizado reserva em algum albergue. Tinha um mapa na mão e muito entusiasmo. Suficiente, não? De fato, era! Antes de sair pelas ruas com o vento frio de nove graus, tinha que mandar noticias para a familia, responder os emails e saber noticias dos amigos que tanto estavam desejando meu sucesso nessa empreitada.

E ao entrar no msn...

- Maurooooooo? Como ta a viagem?

- Otima! Ainda muito a conhecer, a percorrer...

- E a pegar, ne?

- Hhehehe, só se for nos monumentos históricos!

- Como assim!!? Nao vai pra balada, saunas...?

- Como assim, pergunto eu!

- Solteiro, sozinho aí, livre leve e solto e nao vai aprontar? Isso não existe!

Bastou esse pequeno diálogo no meu msn com um amigo para tocar em um assunto que se é levado como obrigatorio. Posso estar enganado mas muitos veem o simples fato de ter ido viajar sozinho uma oportunidade para aprontar, curtir como nunca antes, meio que ir à esbornia! Bom lembrar que não é exclusividade apenas deste tipo de situaçao mas, a todo momento, seja numa festa, num show ou qualquer outro evento que nos tire um pouco de nosso estado cotidiano, a primeira pergunta é quase sempre direcionada a atitudes deque “você tem que aprontar!”

Seria tão dificil entender pra muitos que a prioridade pode ser o simples fato curtir uma cidade, o ambiente e ter tempo para si mesmo?

Cada um tem seu tempo, suas descobertas e porque nao dizer, suas prioridades. Pode ter sido um absurdo para meu amigo saber que eu tinha todo um ambiente propício para me esbaldar em diversoes mais picantes, mas eu estava realizando algo completamente distante da idéia que se vende por aí de que curtir sem aprontar não é curtir.

Bem, eu continuei a curtir muito minha viagem, sozinho, acompanhado da mochila, roteiro, mapas e maquina fotográfica. Dias depois segui para o Chile e sempre com a sensação de que tive a possibilidade de antes de tudo, estar bem comigo mesmo.