quinta-feira, 19 de junho de 2008

vida urbana


Alguém já parou para perceber que só “vemos” as pessoas quando elas começam a fazer parte da nossa rotina? Fui longe agora?!! Peraí que não tô bêbado. É o seguinte, quando saímos de casa, colocou o pé na rua, vemos gente, carros passando e isso se estende ao supermercado, metrô, ponto de ônibus, shopping, enfim, qualquer lugar, só pessoas desconhecidas.

Quem vive nas cidades (em especial os grandes centros urbanos) já pode ter uma idéia onde quero chegar, porque nas cidades é onde se tem várias opções para interagirmos. Mas quem disse que isso é fácil? Vida urbana não é fácil, é correria, é falta de tempo, são longas distâncias para percorrer, é trânsito caótico... Mas mesmo com isso tudo, ainda levanto alto a bandeira de que me considero um cara bem urbano. O movimento, a cultura urbana que a cidade produz, a rapidez, o corre-corre, ah, e claro, os diferentes tipos pessoas que esbarramos diariamente, isso me empolga.

Então, mas quando me refiro à pessoas, me sinto às vezes imóvel, parece que vejo, mas não as vejo! caramba, definitivamente, tô bêbado hoje! Então vamos lá, tentando conseguir sobriedade....Vou ao supermercado, o q vejo? pessoas! Desconhecidas. Vou ao metrô, o que vejo? mais pessoas e, desconhecidas! Vou à academia e aí....pronto, agora só pessoas que não são mais desconhecidas, porque tenho o hábito de malhar no mesmo período de sempre, então as pessoas que logo no inicio eu desconhecia (mal cumprimentava) já fazem parte da minha rotina diária e agora sou bastante amigável com elas.

Sim, eu sou um monstro com pessoas que não conheço! Descobri escrevendo esta postagem. Nessa minha vida urbana eu vivo sim só falando com pessoas que praticamente às vejo diariamente. Pessoas desconhecidas pelas ruas acabam se transformando em postes. Ops, “pera lá”, e na hora que passa uma beldade na minha frente? Daí é parar pra ver! Então o que tenho notado é que a vida urbana gera em mim (ou em nós) uma crosta que nos transforma em insensíveis com os outros? Ou seria também uma forma de auto-defesa, já que não se sabe o que pode acontecer caso sejamos tão solícitos? Vemos os outros e não exatamente os vemos, então, as pessoas acabam se tornando só mais um objeto na paisagem da cidade.

O ruim disso é que essa prática aí evita que utilizemos um trunfo das cidades que é nos proporcionar uma diversidade incrível de pessoas para conhecermos, trocarmos experiências e, tenho percebido que não é difícil quando se está aberto a isso. Por exemplo, Letícia tem 24 anos, gosta de ir a livrarias, correr no parque da cidade, adora ir ao cinema, costuma ir aos restaurantes e bares do momento. Se Letícia estivesse solteira, olha só a quantidade de opções que ela teria para conhecer pessoas e quem sabe, o amor da vida dela! Não entendeu? Ok, eu explico. Mais do que tudo acredito que aproximamos pessoas pela similaridade que somos. Letícia teria chances mínimas de se envolver com alguém que não participasse desse meio. Pois é, só as cidades oferecem essa variedade de opções.

É daí que percebo a necessidade de exercitar a maneira de como vemos os outros: se só como uma imagem na paisagem urbana que poderia dar um prêmio a algum fotógrafo ou de vê-los como pessoas com histórias, experiências e muita vida! humm...acho que já tenho a minha resposta!


2 comentários:

Cristiano Calisto disse...

Tá vendo só que o problema de tornar as pessoas invisíveis na urbanidade não é problema apenas dos brasilienses como foi dito em post anterior??? é um mal do urbano!!! e vc é um herói por falar com o povo na academia, pois nem lá eu consigo ehehhe beijão

Letícia M. Amaral disse...

Amigo, adorei o texto e concordo com você, em parte! Essa "frieza" de ver as pessoas nas ruas apenas como objetos no cenário urbano realmente acontece, mas isso é mais forte aqui em Brasília. Em outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, as pessoas têm o costume de puxar um papinho sempre quando têm oportunidade, fugindo um pouco desse estereótipo descrito por você. O intrigante é que a nossa cidade é povoada por pessoas vindas de todas as partes do Brasil, e quando chegam aqui bloqueiam toda simpatia e espontaneidade, talvez por medo da vida em um lugar novo...
Vai entender o ser humano né...
Sobre o amor...ah o amor...tão difícil de encontrar nessa vida que anda tão corrida. As pessoas adotaram a "fast-life" até nesse campo. Não adianta frequentarmos o máximo de lugares decentes possíveis, é complicado demais encontrar pessoas que se interessem por conversar sobre a vida, o ar, o mar, segurar as mãos, cheirar o cangote...enfim, gastar um pouco mais de tempo na conquista, na construção minunciosa de um relacionamento.
Mas, sou brasileira e não desisto nunca! Acredito que o amor acontece quando a gente menos espera! Já aconteceu uma vez e tenho certeza que acontecerá novamente, dessa vez, pra sempre!
Sim, apesar de ser muito urbana, assim como você (e amar isso!), tenho aquele sonho de menina de encontrar o amor verdadeiro e seguir todos os passos segundo o protocolo, namorar, noivar, casar e ter filhos...Acredito que o mundo precisa resgatar essa pureza, a inocência dos sonhos de criança.... quem sabe assim a vida não dá uma adoçada né???
Beijos!!