É a primeira vez que escrevo sobre o Big Brother Brasil (BBB), não pelo fato de não ter o que falar, pelo contrário, esse programa é um prato cheio pra qualquer blogueiro, e por que não dizer sociólogos, antropólogos e outros mais.
A crítica que mais é entoada por muitos por aí é a de que é produzida baixaria gratuita na luta pela audiência. O que não deixa de ser verdade, mas não é a única. Programas como BBB mostram de forma vil o que acontece em um relacionamento entre individuos completamente diferentes que possuem o objetivo de ganhar 1 milhão de reais e com um "Big Boss" (grande chefe) que aplica duras penas e/ou tarefas de deixar qualquer pessoa no limite seja ela emocional, racional ou físico.
É diante desse panorama que sinto grande necessidade de comentar sobre o episódio do "paredão" ocorrido nessa ultima terça-feira (04/06). Não vou aqui fazer correlações às outras sete edições anteriores, primeiro porque não acompanhei todas e, segundo, porque quando se trata de relacionamentos, tudo é muito distinto, cada caso tem sua particularidade, sua essência. Esta edição, a oitava, está mais que claro que a essência da qual me refiro é dificil ser reconhecida por muitas pessoas acostumados com roteiros de novelas, como disse o jornalista Pedro Bial em seu primoroso discurso sobre o andamento das situações dentro da casa:
Nesta edição do BBB, há uma dúvida central. Será que não há vilões dessa vez, ou será que são todos vilões? Só o sombra sabe o mal que se esconde atrás dos corações humanos. É cruel, é bem cruel, dizer verdades na cara de alguém... de qualquer um. E é também, cruel, muito cruel, isolar alguém, eleger alguém como um leproso dos tempos bíblicos. A gente não gosta de ver correr o sangue dos inocentes, mas quem é inocente? A dramaturgia, usa do reducionismo para tornar as histórias mais claras. Aí reduz um sujeito a vilão, o outro a mocinho, e assim a gente entende melhor as histórias. Só que nessa nova dramaturgia dos realitys shows, inventada e reinventada a cada dia, a propósito, por vocês, voces muitas vezes se auto-reduzem a esses clichês: mocinho, bandido, do bem, do mal. Não, não! Voces são muito mais complexos do que personagens. Vocês são indivíduos, com todas a complexidade que isso implica... Cheio de incoerências, de contradições, de buracos negros, de supernovas. Quem quiser ver, pode ver. Quem quiser olhar, é só dar uma espiadinha.
O jogo tem sido levado para a análise do ponto de vista da sinceridade. Quem está sendo fiel a sua personalidade e quem não está? Quem tem vestido uma carapuça de amigo de todos deixando de lado a moral e bons costumes?
Esta edição tem mostrado jogadores jovens, mimados (Thatiana), dissimulados (Talita), sem conteúdo (Marcos), sem ou pouca personalidade (Rafael), com poucas exceções para Jackeline (a primeira eliminada) e para o "quase" psiquiatra Marcelo. Sendo, esse último, o centro das atenções neste BBB. Marcelo tem se mostrado inteligente, astuto, que consegue ver o jogo com uma lupa, que consegue também ler cada um dos outros participantes, mas ao mesmo tempo tem sido egocêntrico, arrogante e tampouco humilde. Daí deriva todo um amor e ódio por esse jogador, e, pelo que já deu pra perceber, esta edição estaria fadada ao fracasso se nao aparecece no jogo alguem com conteúdo e algum conflito interior. Marcelo tem isso. Ele não consegue ser analisado, não consegue, na maioria das vezes, admitir seus erros, se conter e ter que parar para ouvir o outro, e indo um pouco mais longe, não consegue superar seus medos, principalmente quando são apontados por alguém.
Para mim, esse programa pode contribuir para entender que nos vemos, de alguma forma, dentro de um big brother como já descreveu Orwel em seu excelente livro "1984", mas sem cameras nos vigiando para mostrar ao país inteiro, seja nos momentos em que estamos numa sala de escritório, tentando entender porque fomos criticados pelo colega de trabalho, seja em situaçoes em que tentamos descobrir o por quê daquele amigo de longa data ter sumido, aparentemente sem motivo algum, sem ter falado nada, discutido ou sequer reclamado. Nestes casos, estamos diante apenas de nós mesmo, sem ter um público para avaliar se estamos agindo corretos ou não, de forma verdadeira, apenas aprendendo a viver, tentando acertar de alguma forma. O prêmio? ah, isso para mim, só tem um: estar feliz consigo mesmo. Este é o big brother fora da casa. Seja bem-vindo!
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