sexta-feira, 7 de março de 2008

moda: não seja feito de plástico!


O debate sobre mudanças climáticas tomou força ano passado, logo após serem divulgadas as pesquisas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças climáticas - órgão da ONU – à respeito do aumento da temperatura do planeta. Daí em diante, graças ao IPCC, tivemos ano passado uma verdadeira enxurrada de movimentos que envolvem desenvolvimento sustentável e educação ambiental.

Um dos assuntos desses movimentos, tem sido o uso das sacolas de plástico (aquelas que usamos nos supermercados) que tem sido uma praga para o meio ambiente contemporâneo porque leva nada mais, nada menos que uns 500 anos pra se decompor. Ops, preciso explicar porque estou comentando sobre o assunto: hoje trabalho em órgão do Governo Federal em Brasília responsável pela gestão de políticas públicas sobre resíduos, então é bom deixar claro, que estou falando não apenas como blogueiro, mas como profissional da área.

Voltando ao assunto das sacolas plásticas...Existem, pelo que andou tramitando neste departamento onde trabalho, cerca de sete projetos de leis que fazem referência às embalagens plásticas, não quero entrar muito em detalhes, para não produzir um texto técnico, mas quero deixar claro que todos referem-se à políticas públicas para reduzir o uso, além de transmitir a preocupação de que as sacolas biodegradáveis podem induzir, inclusive, a despreocupação para a sociedade por se tratar de algo biodegradável. Contudo, continua a prejudicar o meio ambiente e, conseqüentemente a saúde pública.

A saída para resolver esse impasse estaria onde? Bem, trata-se de um verdadeiro nó de interesses, porque por atinge a indústria, os consumidores e, claro, o produto inicial que custa barato. Mas existe uma boa notícia: pesquisas da Fapesp estão produzindo uma forma de serem fabricada sacolas de fontes naturais como o milho e cana-de-açúcar. Além disso, temos que produzir meios para a educação ambiental, atitudes realmente que façam diferença, uma forma disso seria levando a sua própria sacola, de tecido - que fique claro! - ou se não tiver mesmo jeito, não reutilizar as sacolas.

Pois bem, vou me ater a primeira opção, lembrando que ano passado o mercado de moda lançou a campanha “I'm not a plastic Bag” (eu não sou de plástico) que rapidamente shoppings do Brasil inteiro aproveitaram “a deixa” para vender idéias de estilistas e produzir consumo sustentável. Acho muito bom tal empreendimento, agora, o que me preocupa mesmo é que o termo pode gerar uma idéia muito transitória, que passa como uma brisa. A moda como mudança periódica de estilo, esta me preocupa e não é de hoje, e para que não seja uma “moda”, o uso de sacolas de tecido, precisa ser mais do que a adesão de estilistas, mas uma conscientização da sociedade para que o seu uso não mude na próxima estação, mas algo que transmita inclusive, a capacidade intelectiva daquele que a utiliza, a idéia de alguém sensível capaz de perceber que, mesmo sendo tão pequeno diante de todo o processo capitalista de produção, estará fazendo mais que um boa ação ao meio ambiente, mas possibilitando um aprimoramento do pensamento humano.

Pensamento com sustentabilidade, isto sim, faz toda a diferença!


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